As únicas exceções são acordos firmados com União Europeia e Efta; argentinos ficarão de fora de conversas com Estados Unidos, Canadá, Coreia do Sul e outros
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Presidente argentino, Alberto Fernández ©STR / AFP |
A Argentina só não vai deixar para trás os acordos já fechados, no ano passado, com a União Europeia e o Efta (bloco europeu formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein), que ainda precisam da aprovação dos parlamentos de todos os países envolvidos. Porém, ficará de fora das discussões em curso com Canadá, Cingapura, Coreia do Sul, Líbano, México, Japão, Vietnã e Estados Unidos.
Coube ao Paraguai, que ocupa a presidência pro tempore do bloco, tornar pública a decisão. Segundo relato do governo paraguaio, a Argentina apresentou como justificativa para seu distanciamento de Brasil, Uruguai e Paraguai nas negociações com terceiros mercados a prioridade dada por Fernández à economia interna do país, cuja situação foi agravada pela pandemia da Covid-19. Mas deixou claro que não será obstáculo para que os demais sócios prossigam com os diversos processos negociadores em curso e os que poderão surgir.
O presidente argentino tem sido pressionado a proteger as empresas nacionais do aumento das importações, que certamente acontecerá com a redução de tarifas aduaneiras. No entanto, a avaliação dos governos do Brasil, do Uruguai e do Paraguai é diferente: com o desaquecimento das economias, causado pela propagação do coronavírus no mundo, um das saídas é negociar o máximo de acordos comerciais, tendo com alvo o maior acesso aos mercados.
Segundo explicou ao GLOBO o secretário de relações bilaterais e regionais nas Américas do Itamaraty, Pedro Miguel da Costa e Silva, a decisão tomada pela Argentina não surpreendeu o governo brasileiro e também não significa que os vizinhos deixarão o Mercosul. Ao contrário, a delegação argentina teria reforçado seu compromisso com a integração no bloco durante a reunião de sexta-feira.
— Nós vamos continuar com as negociações, pois há uma visão compartilhada com Paraguai e Uruguai a respeito do caminho que vamos seguir. Os acordos são importantes, justamente na situação que em estamos vivendo, para a economia dos nossos países. Estamos conversando com os parceiros para mudarmos a bitola do trem e continuarmos nosso caminho. Sempre conseguimos, com criatividade e flexibilidade, soluções para nossas diferenças — disse Costa e Silva, para quem o comunicado feito pela Argentina foi um "gesto de transparência".
Fonte: OGlobo
Por: Eliane Oliveira

